sábado, 19 de julho de 2014

As mulheres da minha vida...

Olá!


Vou falar sobre minhas filhas hoje. Uma adolescente, 14 anos, outra pré-adolescente, 11 anos, ambas no meio do furacão de hormônios, altos e baixos de humor, dúvidas, medos, descobertas, namoros e coragem. Uma loucura! E eu com elas nessa viagem. Só que as vezes não sei onde me segurar também...rsrs
Outro dia reclamei com Deus que era complicado dar-me tamanha responsabilidade de ser Pai de meninas e não liberar um manual junto. O papo é na base do tentativa e erro, "te vira Negão" ou aprenda sozinho.

Momentos:

Depilação

Minha mais nova sai do banheiro enrolada na toalha, nada demais. Para na minha frente e na maior naturalidade abre a toalha e me mostra a perereca já cheia de pelinhos.
- Pai, me empresta sua gilete? Preciso depilar! 
(Como assim? Depilar com 11 anos?!?! Ei, ela já tem pentelhos??)
Por alguns segundos, segurando a surpresa e o engasgo pergunto:
- Você já fez isso alguma vez? Sua Mãe deixou, viu ou te ajudou filha?
- Não Pai, nunca... 
- E por que essa ideia agora filha, tem algo incomodando?
 - Não, só que vi a perereca da minha irmã e não quero ficar igual tá? Muito feio!
E sai da minha frente cantarolando e pulando feliz pro quarto... Eu ainda me refazendo do susto, escuto agora a mais velha que estava ao meu lado e acompanhou toda a cena, falar:
- Pai, precisamos conversar, ela tem razão tá na hora de me depilar...

Afffff!!! Cadê meu vinho???


Menstruação

Ano passado, inicio do ano, reparando que o corpinho da mais velha, T, mudava, ganhava contornos de moça, imaginei que estaria perto da sua primeira menstruação. Levei-a na pediatra, busquei informação, tentei me preparar pro grande e inevitável momento. Dito e feito, em julho veio a primeira "onda"! Pra nossa sorte, não passou sufoco, já tinha orientado antes a sempre sair com um protetor na calcinha e outro na mochila, deu certinho. Dei uma Rosa pra minha florzinha que estava desabrochando...
Ela diferente da menor, é mais reservada com esses assuntos. Mas eu tinha que conversar, explicar e tentar ver se ela estava tranquila. Eu tentei num primeiro momento que ela conversasse com a Mãe, não rola. Com as tias também não deu, o jeito era comigo mesmo. Comprei absorventes (não entendia nada sobre isso...), montei um curso rápido de como utilizar, colocar na calcinha, pesquisamos juntos na internet, lemos e entendemos a história de ciclos e o porquê dessa sangria todo mês. Deu trabalho viu? Mas aprendemos muito e sinto que a confiança dela no Pai aumentou muito. A entrada dela na adolescência, as mudanças, o temperamento inquieto, preguiçoso e irritadiço muitas vezes me tira do sério e brigo muito com ela. Fiquei com medo dela se distanciar, perder a confiança em mim num momento delicado de sua formação. Mas o papo da menstruação acabou ajudando a nos aproximar mais e facilitar bastante. E ajudou até no próximo ato abaixo...rsrs

O namoro

Chego do trabalho, sexta à noite, cansado, doido prum banho, comer algo, relaxar e dormir. Mas só que não. Minhas filhas me convocam para uma reunião extraordinária.
Temos esse costume. De vez em quando ou se for algo muito importante reservamos um tempo pro papo de família, onde eu e elas podemos falar claramente sobre algo que não estamos gostando com tempo suficiente para falar e sem que ninguém interrompa, sem discussões.
Enfim, papo de família, vamos lá!
Eu:: Qual o assunto?
T: Pai, promete que não vai chatear?
D: É Pai, promete? (Nervosa ou ansiosa ou alegre...rs)
Eu: Claro oras!
Silêncio. Elas se entreolham. Fico olhando para as duas, não tinha a menor ideia do que fosse. Teriam quebrado algo? Pedir pra ir a alguma festa de amigas? Nota ruim? Das duas ao mesmo tempo? Não...Humm, vão pedir que compre alguma coisa. Deve ser isso! Tão com medo do sermão...rsrs
D segura a mão da irmã e dá um olhar de incentivo... Nesse momento me deu um frio na barriga... (Ui, a coisa é diferente!)
T respira fundo, cria coragem e manda na lata:
- Pai, você ficaria muito chateado se eu namorasse??
Surpreso (Por que sempre me surpreendo??), demoro um pouco a responder (O que falo? Se pegar pesado e proibir de cara pode ser pior, mas namorar??? O que falo, o que faloooo??)
Eu: Humm, bem, você gosta do menino? Se for um garoto legal, estudar...
D: Ele estuda Pai, claro né?!
T: Na verdade nem sei se gosto muito, mas ele é muito legal comigo e todas as minhas amigas já namoraram. Queria ver como é... Mas se você não quiser...
Eu: E ele quer filha?
T: Sim, tá me pedindo namoro toda hora...
As duas riem nervoso. Estão de mãos dadas. O momento é tenso.
Eu: (imaginando a jogada ideal!) Ok. Eu deixo sim, mas ele tem que vir aqui em casa conversar comigo, quero conhecer os pais dele e tal...
D: Pai, que brega!
T: Vergonha Paiee! Ninguém faz isso...
Eu: Eu faço. Se não vier conversar comigo, conhecer os pais, nada feito! (Sou um gênio! O moleque não vai pagar esse mico! Ele não vem e tudo ficará bem, não preciso proibir de cara e saio incólume da saia justa...hehehe).
Elas se olham, conversam com o olhar.
O silêncio acaba com um longo suspiro de T que diz:
- Ok! Vou falar com ele tá? Te amo!
Elas se levantam agarradas e vão pro quarto cochichando. Assim a reunião é encerrada...
No dia seguinte, sábado, ela me pergunta quando o candidato a namorado pode aparecer em casa pra conversar comigo. Eu ainda duvidando que venha, falo que domingo depois do almoço.
Pois bem, pra minha surpresa não é que o moleque apareceu mesmo? As duas super elétricas, nervosas, a mais nova acalmando a mais velha, momento tenso parte dois.
O garoto entra, educado, tímido. Mando sentar, elas sentam junto. Mando as duas saírem da sala, quero ficar sozinho com esse moleque abusado!
- Qual seu nome?
- Danilo...
- Quantos anos tem Danilo?
- 15.
- Você quer namorar minha filha?
- Quero sim.
- E o que veio fazer aqui?
- Pedir pro senhor...
(Senhor?? Odeio esse moleque!)
- Hummm... Qual é seu time garoto?
- Vasco.
- Menos mal. Se fosse mulambo te expulsava daqui, tá ligado né?
- Tô sim.
- Você gosta mesmo dela?
- Gosto sim...
- Você trabalha?
- Não, só estudo.
- Como assim não trabalha??? Tem que trabalhar!!
- Mas só tenho 15 anos...
- Eu sei, é sacanagem... Você é bom aluno??
- Mais ou menos. Mas me esforço.
(Sincero, o moleque...)
- Pra eu deixar você namorar a minha filha, vou querer conhecer seus pais e tem muitas regras pra respeitar! Tá disposto a obedecer Danilo?
- Tô sim, T já me disse... Minha Mãe quer conhecer o senhor também. Meu Pai morreu, mas ela casou de novo. Meu padrasto é legal.
- Sabe que sexo nem pensar né?
- Claro que não senhor... Qué isso!!
- Só pra deixar claro... Vocês só vão se ver nos finais de semana e para passeios perto. Durante a semana só se for aniversário ou algo mais importante. A prioridade é estudar, tudo bem?
- Sim senhor!
- Você já namorou antes Danilo?
- Já sim, 3 meses.
- E quem terminou?
- Ela.
- Você sofreu?
- Sim, muito...
- Mas você é um banana moleque?? Se for bobão, a T não vai te dar valor. Tem que ser muito legal, respeitoso, educado, mas bobão não pode! Tem que aprender isso...
- Eu sei. Não vou ser bobo não senhor...
(Agora eu tô gostando do moleque. O banana sou eu.)
Falamos um pouco sobre futebol, ele ficou mais calmo e parou de suar, gostei do garoto. Autorizei o namoro. Saíram pra dar uma volta no shopping.
Dias depois pergunto para T, como andava o namoro, ela responde um "tudo bem" tão sem entusiasmo. Na verdade quase não a vejo falar com ele. Fim de semana ele aparece, dão uma voltinha no shopping e rápido ela volta pra casa. Passa mais um tempo, pergunto de novo e ela me diz que ele é muito legal, mas muito quietão, quando saem ela fala sem parar e ele não consegue falar nada e quando fala, ela não entende. Falo para ela ter paciência. Mas vi que o garoto estava pela bola sete.
Em menos de dois meses e ela já estava procurando uma forma de terminar, mas tinha pena, ele era legal e tal. Eu não me meti. Só sondava e as vezes aconselhava que procurasse não magoar, mas que se não estava gostando o melhor mesmo seria terminar. Ela não sabia como acabar, estava num dilema!
Daí, ela teve uma notícia que selou o destino do Danilo. Uma amiga contou que ele estava falando no facebook com uma outra amiga em comum. Foi a mão na roda para minha filha! Se aproveitou disso, ligou pra ele, espinafrou, disse que não valia nada! Que ele era igual a todos os outros (como assim??) e que nunca mais queria vê-lo!!!
Desligou o telefone na cara dele rindo e veio me contar gargalhando...

E agora, fico feliz por não ter mais o namoro ou preocupado em como ela manipulou a situação pra sair por cima e arrasar o pobre menino?

Mulheres... não aprendi nada e descubro que tenho muito mais a aprender...rsrs


Abraço fraterno.
Lex